sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Querida saudade.


Oh querida, quanto tempo te escrevo sem retorno, ando exausto de ser frágil.
Pergunto-me se futuramente algo alem de cartas nos ligará?
Ando repetindo os mesmo versos a meses, deixei o “eu te amo” em lápis, decides se deixa-o eterno a tinta. Imagino que o entregador anda falho contigo, te encontrar também anda difícil pra ele?
Variei as flores, percebestes? Os jasmins deixam as cartas com um aroma bom, já que não consigo mais sentir o teu.
Estive mudando as coisas de lugar se quer saber, a antiga cama findou-se, uma nova pus no lugar.
O armário pro lado direito mudou-se, eu sei é estranho.
Desde tua ida (por enquanto definitiva) que a data não me esqueço, as roupas deixadas doei pra quem precisa, os perfumes quebrei para não mais teu cheiro sentir, passei a usar roupas pretas, ainda lúcido findei por achar o amor feio, cheirando a mijo. Hoje o acho-o livre.
Oh querida a dor da doença mortal me domina também, mas ainda faltam cartas a serem escritas, ainda falta tu ler e o convite me fazer.
Espero tua resposta incansavelmente, semana passada até cansei, mas tomei um porre e esqueci.
Gosto de anotar as datas de envio, mas mesmo assim esqueço-me. Só lembro a data da tua partida minha querida.
O entregador de ontem era novo, solicitei a mudança nos correios. Eles não me deram respostas, mas todo mês é um entregador diferente. Engraçado falar entregador se a mim nada é entregue, talvez ele me traga esperança quando a porta do sanatório bate. Só entrego-lhe correspondências.
Corre na minha memória que teu endereço é fixo, intriga-me a falta de resposta.
Hoje irei preparar mais 10 exemplares de cartas a ti pra serem enviadas ainda essa semana, corrija-me se estiver errado mediante ao endereço: cemitério da paz, número 148, túmulo 23.

Marcelo C.

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